sábado, 16 de maio de 2015

Ato 1

Tempestade deforma ávidamente a copa das árvores em pleno despinhadeiro
Com isso, testando sua plasticidade material e resiliência
Hálito úmido pulverizado no ar
Vento intempestivo uivante como sobre-força dum movimento
Eu? Contando estórias pra um penhasco, ora se joga e lá mora a derradeira coragem
Tanta adminstração de tudo, sufocado

Incandescendo o pensar entre relâmpagos
Num cantil, um punhado de água, alguns suprimentos enquanto amola a faca,
retoma o fôlego e em vão enxuga suor

Lembrando-se de um tempo, que vagava por aí cicatrizando corretamente e alimentando-se por completo, hoje asorberbado com tudo.
Nunca se vira tão cansado, irritadiço
Diagnosticava-se a si próprio:

 - Preciso desacumular, desamontoar mas essa guerra da vida só me exige atenção todo o tempo

...A ser continuado

Inaudível Pressentimento

O herói vê sua música surda ainda ecoar dentro de ti, somente
cansado com aparência desbotada, rasteja
Entre ócio e muita correria, almejar continuar mesmo sendo deglutido devagarmente gole a gole pela vida

Tirando aos poucos seu vigor, argumento e sua crença nos mais chegados
Assiste de camarote sua ascensão a caminhos indesejados
Vê eles caminharem para onde querem mas sem esboço sútil de remorso, semblante

Câimbras, dores lombares, e um punhado de sonhos por realizar
Dentes amarelados por tantas madrugadas afincoe trabalho como constante,
raiva-que-vai-e-vem, e música pra desaguar

Em instantes, reaprender a pegar no lápis, tirar poeira do cotidiano, recrutando várias sinapses a todo custo, vê se imanta a poesia ainda com bateria baixa, reciclado
Revolveu o fundo pra ver o ribombo voltar a tona
Gaseificando o passado tornando-o leve
Pra se lembrar do que é, empoderando-te
Reavivar o teu amor por ti...aos prantos
Cantar o lamento pra sambar, gingando pra fingir o cambalear, etilista
O mesmo olhar pra um pandeiro enriquecido, inversamente proporcional

Passou muito tempo no sol, queimou-se
Notou o ardor quando era bem tarde, talvez acostumado com o pesar nem notara, indiferente
E ainda assim, ficou lá na praia, tenro
Aproveitou o clima, tomou aquele o gole derradeiro daquele sabor, memorizar

 - Precisarei de balsamos.

Condensou tua vida pra retirar o principio ativo que tanto pertubara enquanto cirurgião exímio de si
Avaliando riscos de tal empreitada, pensativo


Re-Feição

Lábios e dedos impregnado de gordura, uma secura na garganta se esboça 
Forçando olhos se declinarem numa velocidade incômoda, Trêmula
Num eterno-engolir saliva sem sucesso, ar rarefeito
Ilusões em superfície translúcida, plasticamente mutavel, aquosa
Alivio...
Deglutindo numa ávida vontade, Naúfrago

Mãos em iminência tímida de tentar diminuir o Mal-estar...